Eu transito entre o desenho e a pintura e os misturo na tela. Em trabalhos de suporte maior busco aumentar o espaço e os intervalos de tempo visuais e, com isso, gerar uma despretensiosa conexão com as figuras. Nos intervalos da composição - cuja presença é do gesto, do desenho, da palavra escrita, do branco, dos rastros, da superfície intocada da tela e do próprio formato do suporte -, percebo uma mesma relevância entre os componentes. É onde também localizo sob certo aspecto, um descanso para o olhar do observador que  busca por amparos figurativos e, sob outro, a itinerância nos elementos criados.  Devido à pequena escala dos desenhos, figurações e detalhes que ficam imperceptíveis à distância, convido o observador à proximidade. 

À medida que o processo poético avança, reajo à aparição de novos elementos nesse plano, que são condicionados pelo próprio espaço. Cada elemento pede de mim uma nova ação, que será medida de acordo com o que vejo: pesos visuais em blocos de cor e de formas, todas se relacionando entre si e com os limites do suporte, numa construção compositiva guiada pela percepção.

A forte presença do branco -  seja na textura da tela ou da tinta - e que varia em tons amarelados, azulados, esverdeados, avermelhados, atribui a base de minha construção pictórica.